A força da simplicidade

Ômar Souki
Assisti um vídeo sobre uma mulher mexicana que venceu uma maratona de 50 quilômetros correndo de saia e de chinelo. Não se vestia como os outros corredores, nem usava tênis especiais para corrida. Seu nome é Maria Lorena Ramírez. Cuida das cabras de sua família e caminha uma média de 10 a 15 quilômetros por dia. Vive em Rejocochi, uma pequena comunidade do estado de Chihuahua, no México. Ela me inspirou a refletir e a escrever sobre o valor da simplicidade.
Quando lhe perguntaram porque não usava sapatos especiais de corrida, Lorena respondeu: “Porque os que os usam estão sempre atrás de mim!”. Suas sandálias são feitas artesanalmente com solado de pneu usado. E, ela não se deixa seduzir pelas “novidades”. Sua resposta nos alerta para questionarmos o encanto que temos com os “últimos lançamentos” de variados produtos.
Com frequência compramos algumas coisas apenas porque são algo novo no mercado. Mas, se quisermos simplificar nossa vida, antes de comprar, podemos nos fazer algumas perguntas: Será que eu realmente preciso disso? Por que é que eu desejo comprar? Tenho dinheiro de sobra para comprá-lo? Vou usar? Com que frequência? Se harmoniza com meu estilo de vida?
Uma pergunta fundamental para quem deseja desfrutar de uma existência mais leve, mais ágil e mais satisfatória, é a seguinte: “O que está demais em minha vida?”. Para respondê-la, façamos uma varredura para identificar o que está em excesso, sejam compromissos, tarefas, atividades, objetos etc. E, a seguir, procuramos nos desapegar, eliminando as atividades desnecessárias e doando o que estiver sobrando. Uma atividade que, em geral, nos rouba demasiado tempo é o celular. Ao nos disciplinarmos com relação ao seu uso abrimos espaço para ações mais produtivas e saudáveis.
Para istrarmos melhor o tempo é importante estabelecer prioridades. Para isso, é importante saber dizer não, quando somos solicitados a realizar algo que não está alinhado com a nossa missão pessoal. São coisas que não nos interessam e que não nos trazem benefícios—nem pessoais, profissionais ou afetivos. Ações que não nos acrescentam. Ordene suas prioridades de acordo com atividades ligadas a cada uma das principais áreas de sua vida: espiritual, física, mental e emocional. Assim eu inicio meu dia com a missa, seguida da academia, da dedicação à leitura e a escrita e do convívio familiar e com os amigos.
A parte emocional inclui ajuda aos semelhantes. Quando consigo ajudar alguém, seja pessoalmente, seja por meio dos meus livros, vídeos ou palestras, eu me sinto extremamente realizado. É gratificante receber os agradecimentos através de mensagens no meu celular, ou mesmo pessoalmente. Isso me leva a refletir sobre a importância de agradecermos sempre. Quanto mais agradecemos a Deus e aos semelhantes, mais felizes nos sentimos. E, pessoas felizes sentem menos necessidade de consumir em excesso.
Sou grato a Lorena, que inspirou esta reflexão sobre a simplicidade. Para ganhar a maratona, ela não precisou de um treinador ou esforços extraordinários. Também não gastou dinheiro com roupas ou sapatos especiais, simplesmente se dedicou a pastorear as cabras de sua família.