Eu Amnysinho Rachid.

Nasci ali na esquina de Rua São Paulo com Av. Independência, hoje Av. Antônio Olímpio de Morais, filho do Roberto Mendes dos Santos e Adélia Rachid, uma mistura deliciosamente apaixonante. Vim ao mundo em uma madrugada fria de julho, não é por acaso que adoro as madrugadas, dizem que foi uma noite tumultuada, meu pai viajando á trabalho ficando a cargo do meu tio Amnys tomar a frente e trazer a famosa vovó Chiquita Parteira para ajudar a me trazer a vida, eis aí como ganhei meu nome e um padrinho que com certeza foi meu grande parceiro de vida.
Sempre gostei de rua cheia e andar no comercio fazia parte da nossa rotina, acredito estar no sangue, também quem nasceu ali onde tudo acontecia não podia ser de outra maneira.
Nossa vizinhança era uma história a parte descendo a Rua São Paulo vinha a casa da minha avó Zulmira descendo um pouco mais a casa do Sr. Artede e Dona Celuta, ele farmacêutico famoso criador do delicioso xarope limonada lática, que acabava com a dor de barriga e vinha em um vidrinho de refrigerante sendo fechado com uma rolha de cortiça, me lembro de tomar escondido e fechar para ninguém notar kkk. Em uma casa ao lado o famoso médico e político Dr. Sebastião Guimarães e suas irmãs, sua casa sempre lotada de gente esperando para ser atendidas, tanto pela saúde como pela política, me lembro quando pequeno, brincando de pique de esconder e entrava debaixo da mesa do seu consultório, ele com a mão na testa concentrando, como era seu costume no atendimento dizia:” Amnysinho sai daí. Kkk” e eu respondia: “Não posso tô iscundido kkk”.
Um pouco abaixo o sobrado do Sr. Ramis Matar, chegando a Vila Sabatini que tinha como morador o Sr. Antônio Sabatini encostadinho no Divinópolis Clube, seguindo o Cine Divinópolis, que tinha um poderoso alto falante que tocava músicas para chamar a turma para a sessão de filmes, tendo em cima a poderosa rádio Cultura que em sua porta formava uma enorme fila dos candidatos a cantores kkk, dava de tudo de sertanejo ao brega ando pelos românticos e os famosos cabeludos da jovem guarda.
Sem falar que na esquina de frente para nossa casa as poderosas professoras Neusa e Julieta Matar as feras da rua kkk, todo mundo morria de medo de ser alunos delas kkk .
E assim segui minha vida, cheia de acontecimentos e muita alegria, não podia ser diferente né tendo o santuário na esquina de cima a igreja batista em frente e o fórum um pouco abaixo, fora a maçonaria do lado kkk o que não faltava era político, padre, pastor, prefeito, professora, irmã de caridade, sem falar dos doidos que fizeram uma história a parte.
Minha família era do comercio, Libaneses né não poderia ser diferente, minha mãe lançou a primeira loja de roupas infantis da cidade se chamava A Luluzinha, ficava ali na Goiás em frente ao Cine Arte. Como boa vendedora que era quando encalhava alguma roupa me vestia e partíamos para a missa das 9 hs do domingo no santuário e logo ia falando: “ Não suja a roupa e toda hora dê uma volta lá na frente”. Kkk.
Eu muito bonitinho, chamava atenção, kkk na segunda feira vendia todas as roupas kkk , golpe de mestre, espertesa de comerciante.
E assim fui crescendo com muitos amigos e grandes sonhos, sempre digo que vivi em uma época da nossa terra do Divino onde tudo estava acontecendo, era chegado o famoso progresso.
Conheço essa terra até por baixo pois quando o poderoso prefeito Antônio Martins Guimarães transformou a terrinha em uma grande trincheira de obras, para criar a nova rede de esgoto, eu e meu primo Gilberto, meu parceiro de vida, conhecemos todo o trajeto dentro das manilhas que seriam usadas com o revolucionário escoamento do esgoto para ser tratado e devolvido ao rio.
Os valores da minha época eram diferentes, primeiro todos nós estudávamos em escolas públicas um lugar que querendo ou não todos eram iguais, com certeza sabíamos quem eram os ricos, mas todos viviam juntos trabalhando e sendo felizes.
Os sonhos eram mais ou menos iguais sabíamos que iríamos fazer uma faculdade formar e trabalhar muito.
Comecei a trabalhar muito novo como cobrador e depois como captador de imóveis, até hoje trabalho no mercado imobiliário e acho que o faço bem, hoje além de corretor sou perito. Sou também Chef de gastronomia, acredito por ser guloso desde pequeno, levei jeito para coisa kkk Hoje ensino a doce arte da mistura e criação dos sabores, deliciosas comidas é o que não falta, pois cozinhar é também uma forma de transmitir amor.
Estudei no jardim de infância com a Tia Jadica, no grupo Padre Matias Lobato, Colégio São José e São Geraldo, Colégio Frei Orlando e no Coteon, depois como todo mundo da minha época fui para Belo Horizonte onde fiz cursinho, voltando para terrinha onde fiz istração de Empresa na FACED e depois Direito na deliciosa FADOM.
Sempre fui ligado em 220 Wts como todos diziam, fui nadador do DTC, peixinho do Sargento Vieira, participei dos Lobinhos, Escoteiros, participei de grupos de Jovens e de tudo que a cidade nos oferecia na época.
Mas sempre digo que minha adolescência foi demais, nossa cidade era um palco para diversão, podíamos rodar a pé sem perigo algum. O que não faltava era festas, íamos em tudo convidados ou não kkk famosos sapos.
Na nossa época aconteceu a melhor festa já criada na terrinha foi a Gincana do Jornal Agora, elaborada pelo saudoso Cel Faria e sua parceira de vida Sônia Terra, participei de todos os anos me tornando líder de equipe.
Ai que saudade da nossa Equipe Funil, sabe aquela coisa de fazer o bem através de uma brincadeira saudável. Com provas criativas paralisavam a cidade toda em função de festa.
Depois veio a Festa da Cerveja que transformou nossa terra conhecida em todo país, também aproveitei muito. Era um povo bonito que lotava a Savassinha com muitos shows e levando a cidade a ter um faturamento fora do comum.
Sempre tive uma vida ativa e com um grande número de amigos, adorava uma turma nova, viajamos muito era época dos mochileiros e que delícia era conhecer novos lugares, na maioria das vezes de carona.
Época que acampar era delicioso e fácil de acontecer, a barragem do Cajurú ainda não tinha os famosos condomínios e era tranquilo armar nossas barracas ali e desfrutar.
Sou de uma época do começo da modernidade partindo do asfalto das ruas, dos orelhões, das discotecas com suas luzes brilhantes, das horas dançantes, do computador, do primeiro celular o famoso tijolão, do fax, do CD, dos bares com luz negra, das boutiques com as roupas com etiquetas de grife como zoomp, Divina Decadência, tênis All Star, Calça jeans, jaquetas da Coca Cola, e mais um monte de coisas que dávamos a vida para ter.
O Aniversário da cidade era delicioso, quem nuca desfilou na 1º de junho com sua melhor beca homenageando a terrinha sem contar o Rodeio da nossa terra que era diferente da atual, era na terra batida que levantava um poeirão, nesta época do peão ao fazendeiro todo mundo trajando da mesma maneira e garrado no gole kkk, íamos para ver montarias e ar nas baias fazia parte de festa, os shows eram para toda população tendo como astros os grandes cantores sertanejos raiz, era o verdadeiro Rodeiro que demorou mais veio.
Nesta época a cidade era famosa por seus bailes, O baile das Debutantes, Aniversário da Cidade, Baile de Aleluia, Baile da Saudade, Reveillon, bailes carnavalescos, baile de Aleluia e muitos outros que lotavam a cidade.
Sempre gostei de fazer campanhas para ajudar as instituições e sempre conseguimos o nosso objetivo.
E a vida foi ando até que encontrei aquela que mudaria minha vida, minha Cleide.
Dona dos olhos mais bonitos que já vi, luz da minha vida aquela que me ensinou a dar uma parada kkk, o sentido da palavra parceria onde começamos a caminhar juntos e escrever nossa história.
Depois de uns anos celebramos nosso amor com a chegada do nosso Nasser, ai sim a vida ou a ser diferente e com mais responsabilidade e mais prazer, criar não é fácil, desafiador mas deliciosamente compensador.
Sempre digo que as coisas acontecem para todos só que alguns conseguem enxergar outros não. A vida para ser vivida.
Sempre tive muita fé e acredito em um ser superior que nos rege, acredito no livre arbítrio e que antes de encarnarmos nesta empreitada escolhemos o que vamos fazer, então não adianta reclamar, mas resolver as pendências para que na próxima vida não encontre de novo com a turma pesada kkk.
Adoro minha terra e amo sair e conversar com todo tipo de gente, aprender é com certeza a arte de saber receber e saber doar. Que a vida seja sempre bem vivida, sem dar prejuízo a ninguém assim que acredito e quero continuar a viver até meus 105 anos, como meu povo kkk.