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O que você procura está procurando você

Ômar Souki

Essa frase de Rumi—mestre espiritual persa do século XIII—mexeu comigo. O que poderia significar? Com qual pensamento cristão poderíamos compará-la? Ao fazer essas perguntas para mim mesmo, lembrei-me de uma afirmação de Jesus: “Peça, e você receberá! Procure, e você encontrará! Bata na porta e ela se abrirá!” (Mateus 7, 7). Também me veio à mente um ensinamento da Programação Neurolinguística relativo às três pistas de o para o nosso cérebro: a auditiva, a visual e a cinestésica.


Quando procuramos alguma coisa, aquilo toma forma dentro de nós através do que pensamos (imagens internas), falamos e fazemos. Vou tomar como exemplo o livro Silêncio, plenitude de amor. Virei-me para a estante que fica atrás de minha cadeira, e o alcancei. Abri na primeira página e deparei-me com uma dedicatória para mim mesmo: “Eu peguei este livro (havia 440 deles) na Lithera no dia 24 de dezembro de 2010 (hoje) às 08h00 da manhã. O custo da impressão foi de quatro mil reais. Este foi o meu presente de Natal. Um presente pelo qual ansiei por talvez três anos. Agora está pronto. Isso me faz sentir maravilhosamente bem. Obrigado Pai Celestial!”.

Vivi a experiência descrita na dedicatória há dez anos, mas parece que foi ontem. Ao contrário dos livros que regularmente eu publicava, queria, naquela época, lançar uma obra de ficção que fornecesse ao leitor—por meio de uma história—os ensinamentos fundamentais da existência humana.

A obra conta a história de um jovem executivo que “cansado de tanto procurar, encontra no silêncio, o amor de sua vida!”. O personagem principal, Ulrik, depois de uma briga com Ingrid, sua namorada, decide buscar seu antigo mestre, Godfried, monge benedito, que vivia em um distante mosteiro. Com ele aprende a arte da meditação e, aos poucos, se transforma em uma pessoa diferente, mais madura, mais paciente e compreensiva. Isso faz com que Ingrid—o amor de sua vida—seja novamente atraída para ele. De fato, ela nunca tinha deixado de amá-lo, só estava esperando que ocorre-se aquela mudança para retornar para ele.

Sinto hoje que aquela frase de Rumi pode se aplicar tanto à história contada no livro, quanto a saga de sua elaboração. Foram três anos procurado terminar a obra, enquanto, ela também, por três anos me procurava. Não é isso que tantas vezes acontece em nossa vida. Almejamos por alguma coisa, ou por um estilo de vida, e, isso faz com que, aquela coisa ou estilo de vida esteja também procurando por nós.

No exemplo do livro, eu procurava por ele, e, ele também, de certa forma, procurava por mim. E, quanto ao meu estilo de vida—centrado em torno da criação literária—eu o procurava, e ele também procurava por mim. Hoje, depois de ter publicado 50 obras em mais de três décadas—ao adentrar meu escritório—ainda procuro com sofreguidão uma nova ideia, um novo tema, um novo assunto, e espero ardentemente que ele também esteja procurando por mim…     

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