Qual é a vontade de Deus?

Ômar Souki
“Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (João 4, 34). “Para que, no tempo que lhes resta na carne, não vivam mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (I Pedro 4, 2). “Por isso, não sejam insensatos, mas entendam qual seja a vontade do Senhor” (Efésios 5, 17). Sabemos que é importante fazer a vontade do Pai. Afirmamos sempre que recitamos a oração do Pai Nosso: “Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu”. E, a cada momento, nos perguntamos: “é esta a vontade de Deus?”. Ele deseja que eu, agora, esteja aqui de frente ao computador escrevendo sobre esse assunto? Como tenho certeza disso? Seguindo o meu coração, a minha intuição. Enquanto buscava sobre um tema para o artigo de hoje, chamou-me a atenção um livro de Chiara Lubich intitulado A vontade de Deus. Abri aleatoriamente e comecei a ler:
“Muitas vezes nos agitamos buscando caminhos para chegar a Ele, para sermos melhores, para nos tornarmos santos. Mas, por que procurar estradas, se Ele é o Caminho e Ele está aqui, eterno presente, esperando que, em cada momento da vida que nos é dada, possa entrar em colaboração conosco para agir conosco e em nós e nos levar a fazer obras dignas de filhos de Deus? […] Ele saberá apresentar-se no presente, sob as dolorosas e inevitáveis circunstâncias da vida, sob as leis perenes e imutáveis da Igreja, que repete com Cristo de mil maneiras: renuncie a si mesmo e tome a sua cruz” (p. 87).
A autora segue explicando que, na verdade, a vida é simples, mas que nós a complicamos. Para ela: “Bastaria incrustarmo-nos bem no presente com todas as suas alegrias, os seus imprevistos, os seus esforços, os compromissos obrigatórios, e tudo transcorreria por si só, como se fossemos levados por um poderoso foguete rumo à eternidade bem-aventurada” (p. 87). Em outras palavras, cumprindo bem cada uma de nossas atribuições no presente—sem pensar nos erros do ado, ou sonhar demais com as possibilidades do futuro—estaremos espontaneamente navegando no oceano da vontade divina.
Chiara usa uma outra metáfora para explicar esse processo. É como se Deus fosse o Sol e cada um de nós um raio desse Sol. Ao desempenharmos com boa vontade nossas tarefas percorreremos um caminho que inexoravelmente irá nos levar ao centro desse Sol. Nem todos faremos as mesmas coisas, mas estaremos todos nos dirigindo para um mesmo lugar. Então o que é a vontade de Deus? É que estejamos inseridos no presente fazendo algo de proveitoso para os nossos semelhantes. Para que não houvesse dúvidas a respeito de sua vontade, o Pai enviou o Filho, aquele cuja “a comida era fazer a vontade de seu Pai”.
Seguindo as pegadas de Jesus a cada momento de nossa existência estaremos—sem a menor sombra de dúvidas—fazendo a vontade de Deus. A minha total imersão no presente ao escrever este texto desperta em mim uma enorme alegria que me garante estar no aqui, agora, fazendo a vontade de Deus.