Resposta para o vazio existencial

Ômar Souki
Assisti, no dia 22 de outubro de 2024, uma palestra proferida pela psicóloga Rita Francischetto, no auditório do fórum de Divinópolis, sobre o trabalho de Viktor Frankl. Esse psiquiatra austríaco falava do vazio existencial que permeava a sociedade do século XX. Por isso, é considerado o médico da doença do século XX, mas atualmente esse vazio está cada vez mais profundo, pois—a cada dia—cerca de duas mil pessoas tiram a sua própria vida. Frankl iniciou a sua trajetória criando centros de ajuda psicológica para a prevenção do suicídio de jovens. Esse trabalho foi coroado de sucesso, comprovando a tese de que as pessoas se suicidam porque perdem o sentido da vida. Durante a II Guerra Mundial, Frankl ou três anos em campos de concentração observando que suas ideias sobre a importância do sentido para a preservação da vida foram amplamente confirmadas naquele trágico contexto.
Ele criou, então, a logoterapia, que tem como objetivo tratar do vazio existencial dominante em nossa sociedade. Em sua palestra, Rita enfatizou a importância de encontrarmos uma resposta para a seguinte pergunta: “O que a vida espera de cada um de nós?”. Explicou que somos seres únicos, peças de um imenso mosaico, responsáveis pelas respostas que damos a essa pergunta. Também é importante termos consciência de que somos responsáveis pelo ambiente em que estamos. Sendo assim, temos o compromisso de deixar o mundo melhor do que o encontramos. Se não fizermos nada para transformar o mundo, contribuiremos para que fique cada vez pior.
Um dos pressupostos da logoterapia, segundo a psicóloga, é de que a vida sempre tem sentido, pois o ser humano, além de sua dimensão física e psíquica, também possui a dimensão noética (espiritual). Não somos joguetes de nossas experiências adas, pois conseguimos ressignificar nossas dores, transmutando-as em possibilidades de crescimento pessoal. Tudo vai depender da forma com que interpretamos essas experiências. Deu o exemplo de uma frase de Guimarães Rosa, onde uma criança, diante de uma casa em demolição, comenta: “Olhe, pai! Estão fazendo um terreno”.
Mesmo nas condições mais adversas—como foi o caso em campos de concentração—a pessoa tem condições de encontrar sentido. A motivação básica do ser humano é a permanente busca de sentido. Enquanto a busca desenfreada pelo prazer e pelo poder esvazia as pessoas—causando o vazio existencial—o que, de fato irá preenchê-las é o sentido. O propósito da terapia, portanto, é ensinar a pessoa a deixar de ser vítima, orientando cada um a tornar-se o autor da própria vida. Quando o ser busca por sentido, ele se movimenta e, esse sentido, é encontrado quando a pessoa realiza valores, sendo um deles o amor. Deus nos dotou da capacidade de amar, isto é, a de ver no outro—não o que ele é agora—mas o que é capaz de se tornar no futuro.
Rita concluiu sua palestra, citando o rabino Hilel: “Se eu não fizer, quem o fará? Se não fizer agora, quando farei? Se fizer apenas por mim, o que serei eu?”.