Devoção a Nossa senhora do Pilar atravessa séculos em Pitangui
O culto a Nossa Senhora do Pilar é uma tradição espanhola em que a Virgem é também padroeira da Espanha.

Amanhã, 15 de agosto, Pitangui celebra o dia de sua padroeira: Nossa Senhora do Pilar. A devoção à
santa é uma das mais antigas que se tem conhecimento em Minas Gerais e remonta do século XVIII. Em Pitangui a devoção a Nossa Senhora do Pilar é uma tradição herdada dos emboabas.
De acordo com a historiadora e secretária de cultura de Pitangui, Maria José Valério, os homens do
século dezoito tinham ânsia de liberdade, obtida por meio das riquezas materiais, sem se esquecerem da
doutrina católica, responsável pela unificação e pelo fortalecimento de Portugal e as invocações aos santos e a Nossa Senhora eram expressivas nesse século.
Não sabendo viver sem cultuar a Santíssima Virgem – continua a secretária de cultura – esses homens
atravessaram o oceano, penetraram em densas florestas, subiram caudalosos rios até suas nascentes, levando sempre consigo uma imagem. Quando paravam para descansar, oravam aos pés dela. Se ficavam por um tempo maior, para ela construíam um templo, com o impulso universal de criar um local sagrado, onde o homem refletisse sobre suas ações, buscando forças para continuar a caminhada.
Nesse contexto histórico, Nossa Senhora, a maior expressão do Barroco, vai ter nas Minas o mais
expressivo culto de toda a Colônia. Conceição e Pilar foram as principais invocações. Em seu livro “Nossa
Senhora do Pilar, um culto emboaba” o historiador José Efigênio Pinto Coelho diz: O episódio da Guerra dos Emboabas relaciona-se com o culto a Nossa Senhora do Pilar, mostrando que eles fizeram dela a sua protetora e, sob sua invocação, organizaram o povoamento da região das minas de ouro.
A Guerra dos Emboabas, 1707 a 1709, foi uma disputa entre bandeirantes e lusitanos pela exploração das
jazidas de ouro de Minas Gerais. Depois do término da guerra, os paulistas, parte deles, vieram para Pitangui “Por ser Nossa Senhora do Pilar devoção espanhola e protetora de seus inimigos emboabas, os paulistas não a aceitaram como padroeira de Pitangui, solicitando ao Rei que a trocasse para Nossa Senhora da Piedade. Isso causou descontentamento aos habitantes da Vila, que exigiram Nossa Senhora do Pilar como padroeira e o ato foi revogado”, explica Maria José Valério.


No entanto, em 2015, nos 300 anos da elevação do Arraial de Pitangui à categoria de Vila, o povo de
Pitangui novamente aclamou Nossa Senhora como sua padroeira, agora sob duas invocações: Nossa Senhora do Pilar e Nossa Senhora da Piedade. A imagem de Nossa Senhora da Piedade foi entronizada, pelo então Paroquial, Padre Ulysses César Nogueira Alvim, selando para sempre a paz entre paulistas e emboabas; finaliza a historiadora.
Celebração
Hoje, 14, às 18h30 será realizado o Momento Mariano com a Reza do Terço. Ás 19h o Novenário, em
seguida Santa Missa. Amanhã, dia de Nossa Senhora do Pilar, a programação é especial.
Às 06h será realizada Alvorada Festiva com a Banda de Música José Viriato Bahia Mascarenhas e repicar
dos sinos. Às 15h realização da Santa Missa com istração do Sacramento da Unção dos Enfermos. Às 18h30, Momento Mariano com a Reza do Terço e às 19h realização do Novenário; em seguida Santa Missa. Após as celebrações ocorrem as barraquinhas.
Feriado
Hoje é decretado ponto facultativo e amanhã feriado municipal em Pitangui. Nesses dois dias estarão
ativos apenas os serviços essenciais. A Prefeitura de Pitangui retoma suas atividades na próxima quarta-feira, 16. “Nesse momento a comunidade se reúne para festejar Nossa Senhora do Pilar. Uma devoção que atravessa séculos e que é um grande exercício de fé dos pitanguienses católicos”, pontua a prefeita Maria Lúcia Cardoso.
Igreja
A centenária Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, localizada na Praça Getúlio Vargas, começou a ser
construída em 17 de agosto de 1914 e foi concluída em agosto de 1921. De estilo arquitetônico neogótico é o maior templo religioso de Pitangui e apresenta em seu interior pinturas sacras que encantam pitanguienses e turistas. A Igreja de Nossa Senhora do Pilar foi construída sobre o mesmo local da “antiga matriz”, que era do século XIX, e que foi destruída num incêndio no século XX. Aos seus pés está sepultado o Padre Belchior, conselheiro de Dom Pedro I e que esteve presente na proclamação da Independência do Brasil.

Fonte: Prefeitura de Pitangui.
Fotos – LU RESENDE
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