Caminho de santidade

Ômar Souki
Lendo o livro Deus ou nada do cardeal Robert Sarah—direcionado principalmente aos sacerdotes—encontrei a seguinte afirmação: “O futuro do sacerdócio se lê no exemplo dos santos” (p. 160). E me fiz a seguinte pergunta: “e o nosso futuro, daqueles que não são sacerdotes, onde é que poderá ser lido?”. A resposta para essa pergunta está também na leitura da vida dos santos. Para sacerdotes ou não, o melhor futuro a desejar será sempre o da santidade. Não foi isso que Jesus nos pediu? “Pois está escrito: ‘Sejam santos, porque eu sou santo’” (I Pedro 1, 16). Ainda não tinha terminado de ler o livro do cardeal Sarah, quando Rejane, minha esposa, recebeu pelo correio uma obra intitulada Em busca da santidade do frade dominicano Reginald Garrigou-Lagrange. Abri e me deparei com a seguinte preciosidade:
“A vida ativa é necessária, mas a cruz é ainda mais necessária porque por meio dela nossa purificação iva, sob a ação de Deus, é realizada—e a ação de Deus é muito mais fecunda que a nossa. Junto com a humildade, a cruz desenvolve em nós as três virtudes propriamente divinas e que constituem o coração da vida cristã, a fé, a esperança e a caridade. A cruz torna nossa alma semelhante à alma de Cristo e, portanto, semelhante a Deus” (p. 163).
Garrigou-Lagrange a, então, a exemplificar como é sublime o efeito da cruz até mesmo em nosso físico. “São Bento Labre ava um dia pelas ruas de Roma quando um artista, que havia visitado todos os museus da Itália sem encontrar o que procurava, o deteve. Ele implorou ao santo que o seguisse e o conduziu ao seu quarto. Lá, depois de ter pintado a semelhança do pobre homem de Cristo, o artista se ajoelhou, beijou suas mãos e exclamou: ‘Você tem a face de Cristo!’. Em outra ocasião, o pobre santo foi visto envolto por uma luz brilhante. Emanando de seu rosto havia raios que brilhavam com tal esplendor que parecia estar em chamas. Esse foi o fruto da cruz na alma desse santo” (p. 163).
Lendo a vida de santa Catarina de Labouré e assistindo vídeos da trajetória de inúmeros santos, Margarida Maria Alacoque, Elena Guerra, Bernardo de Claraval, Afonso Ligório, Teresinha de Lisieux, Gemma Galgani etc., posso afirmar que a santidade se conquista pela perseverança no sofrimento. Como nos foi solicitado pelo Mestre dos mestres: “Aquele que quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lucas 9, 23-24).
Nossa vida é povoada de desafios. Mas, em vez de nos desanimarmos diante do infortúnio, podemos considerar as pedras do caminho como oportunidades de crescimento. Com fé, serenidade e perseverança conseguiremos também percorrer a estrada que conduziu os santos ao Céu.