Distribuidores do sistema Coca-Cola cobram diálogo para retomar contratos
Saída do portfólio dos produtos Kaiser e Heineken trouxe prejuízos e inviabilizou parcerias firmadas há décadas.

Diálogo e sensibilidade. Essas foram as principais reivindicações de distribuidores apresentadas ao grupo Coca-Cola Femsa, controlado pela Spal Indústria Brasileira de Bebidas. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (22/5/25), para discutir as consequências da saída do portfólio dos produtos Kaiser e Heineken e a interrupção de antigas parcerias. Desde a aquisição da empresa Brasil Kirin pela multinacional holandesa Heineken, em 2017, o controle da distribuição das bebidas da companhia tem sido motivo de disputas judiciais. Distribuidores estariam sendo pressionados a renunciar a parte de seus portfólios, comprometendo a sustentabilidade econômica de operações regionais. Mais do que discordâncias contratuais e jurídicas, os distribuidores cobraram a valorização de comerciantes que ajudaram a alavancar os produtos do sistema Coca-Cola, quando ocupavam uma parcela muito menor do mercado. “Chegamos a uma relação de venda que 30% da cerveja comercializada pela Femsa era vendida pelos distribuidores e 60% do volume vendido de garrafas, que é o mais importante na cadeia”, disse Adalberto Leão, presidente da Associação dos Distribuidores Autorizados do Sistema da Coca-Cola e Cervejarias Kaiser do Brasil (Ascoka). “Desde quando a Heineken comprou a Brasil Kirin e fez um acordo de nova forma de redistribuição dos produtos, ela tirou dos distribuidores a possibilidade de vender as grandes marcas.” “Desde esse momento, criou-se essa situação onde os distribuidores aram a ser inimigos da Coca-Cola, porque não quiseram novos contratos, unilaterais, que não davam nenhum ganho. Criou-se essa animosidade e aram a tratar o distribuidor como inimigo”, complementou. A categoria também reclama da concorrência desleal com grande players nas mesmas áreas de atuação, como o Seasa e outros atacadistas, sem nenhuma obrigação contratual com a companhia e com o a menores preços. A Ascoka reunía 28 distribuidores em 2017, hoje são nove. “Ou você vende o que a gente quer, da forma que a gente quer, ou você não vai ter a continuidade do seu trabalho”, resumiu Adalberto, indignado, a atual situação dos distribuidores. O distribuidor Helder Dias reforçou que os colegas acreditaram na empresa e fizeram investimentos. Conforme informou, mesmo parado há cinco anos, por discordâncias com a Femsa, ela não consegue hoje, no território em que atuava, metade dos resultados que ele entregava.